26/01/2010

Anjos: “Somos daquele tipo de roqueiros que não gostam de chocar as pessoas”


Os irmãos Sérgio e Nelson Rosado estão de regresso aos discos com ‘Virar a Página’, um álbum que conta com a voz do brasileiro Serginho Moah, dos Papas da Língua.

- O novo disco dos Anjos chama-se ‘Virar a Pagina'. Que página é esta que os Anjos estão a virar?

Nelson Rosado - É apenas mais uma página. Depois do sucesso que foi a banda sonora da telenovela ‘Vingança' este era um disco muito esperado, não só pelo público, mas também por nós. Com o disco da novela chegámos a fazer três digressões porque as pessoas gostavam muito das canções. Só que de repente sentimos que precisávamos de qualquer coisa nova.

- Este disco é mais rock do que os anteriores. Era desta viragem que precisavam?
NR - Este disco segue uma lógica de evolução. A nossa carreira é como se fosse uma escada que estamos a subir. Mas na verdade nós sempre fomos muito rock. Apesar de não termos uma imagem muito rocker, ao vivo transformamo-nos e o rock tem muito a ver connosco.

Sérgio Rosado - Sim nós somos aquele tipo de roqueiros que não gostam de chocar as pessoas (risos).

- Mas no início vocês eram muito mais pop. Quando é que se dá esta mudança mais para o campo do rock?
NR - Acho que se deu no final do ano 2000 quando contratámos vários músicos com a ideia de criar uma grande família. E acabámos influenciados também por esses músicos. Basta dizer que nosso braço direito no projecto dos Anjos, por exemplo, é o Edu Krithinas que é o mesmo produtor de uma banda de metal sinfónica chamada Dr. Will's. Acho que todos juntos temos formado uma equipa fantástica.

- Para além da participação especial de Serginho Moah dos Papas da Língua Este disco conta com dois nomes sobejamente conhecidos, o Pedro Vaz e o Tozé Brito. Eles foram os grandes cúmplices deste novo trabalho?
NR - O Tozé é um regresso. Ele já tinha feito duas letras para o nosso primeiro disco e regressa agora onze anos depois. O Pedro Vaz é um grande talento que tem a particularidade de ser nosso amigo e de escrever lindamente.

SR - A letra do single ‘Virar a Página' tem uma história muito engraçada. Nós já tínhamos tentados alguma letras, mas nenhuma encaixava. Um dia liguei ao Tozé Brito a dizer que precisava de uma história de amor que não fosse uma coisa muito melosa. Ele só me disse "não desligues" e em duas horas fez a letra ao telefone, ouvindo a música de um lado escrevendo do outro.

- Os Anjos sempre foram muito mediáticos. Não temem desgastar a imagem e que a vossa música saia prejudicada com isso?
NR - Não, até porque nós fazemos grandes paragens. No início, quando os Anjos apareceram foi um estoiro. Nós já nem nos podíamos ouvir a nós próprios. Por isso, a partir de uma determinada altura, decidimos fazer pausas. Trabalhávamos um ano, voltávamos no seguinte e assim temos gerido as coisas.

SR - O que nunca fazemos é deixar de tocar ao vivo. O nosso afastamento é só mediático. Nós nos afastamos nem das pessoas nem do palco. Não conseguimos viver sem ele, porque estamos habituados ao palco desde pequeninos.

- Vocês mudaram muito?
NR - Hoje somos casados e temos família e isso ajudou-os a amadurecer, mas não mudámos na nossa maneira de ser. E não deixo de fazer as coisas que fazia. Mas fomos pressionados a mudar.

- Como assim?

NR - Tivemos pessoas que nos aconselharam a ir por determinadas direcções. É verdade que no calor do sucesso não é difícil os artistas deixarem-se levar, mas nós sempre tivemos a consciência do que queríamos e do que não queríamos ser. Lembro-me quando recebemos o nosso primeiro cachet fiquei a olhar para aquilo porque nunca tinha visto tanto dinheiro.

- Então qual foi o segredo para nunca se terem deslumbrado e perdido?
NR - O segredo está nos valores, na formação e na educação que recebemos. E aí temos que agradecer à mãe e ao pai Rosado (risos). Quando sabemos quem somos e de onde viemos e difícil deixarmo-nos desviar.

- Vocês começaram a cantar ainda crianças. O que é que se recordam do início?SR - Lembro-me muito bem da primeira vez quer subi ao palco, na casa do Algarve em Almada. Eu tinha oito anos e o Nelson doze. Lembro-me que me enganei na letra, enervei-me, desatei a chorar, saí do palco e deixei o Nelson a cantar sozinho.

NR - (risos) Tive de ficar sozinho a entreter aquela gente toda.

- Os vossos pais foram os grande impulsionadores da vossa carreira!
SR - Sim. Os nossos pais apostaram tudo em nós e chegaram a fazer um empréstimo para podermos tocar. Foram eles que nos incentivaram a ir para a escola de música e tudo o mais. Temos amigos, cujos pais só queriam que eles fosse médicos. Os nosso nunca nos impuseram nada.

- E eles também tinham jeito para a música?
NR - A nossa mãe cantava fado muito bem. Dizem as pessoas que ela deixou de cantar quando nasceu o Sérgio. Ela dizia que já não tinha a mesma voz.

- Foi o Sérgio que roubou a voz à mãe!

NR - Bom! Ele tem a voz que tem e isso deixa-nos a pensar (risos).

- Começaram logo em miúdos a fazer digressões?

NR - Sim. Começámos na região da Grande Lisboa e Margem Sul, depois passámos para o Alentejo e Algarve.

- E era fácil conciliar com a escola?
NR - Claro. Nós só cantávamos ao fim de semana.

- Então e os ensaios?
NR - Eram em casa, num apartamento. Os nossos vizinhos da altura é que deviam dar belas entrevistas. Havia um que dizia que o candeeiro da sala dele tremia (risos).

- Que relação é que vocês têm com os vossos fãs?

NR - É uma excelente relação já que temos um canal directo aberto entre nós. Nós respondemos a todos. Há fãs que desabafam connosco.

- É verdade que a relação das vossas fãs com as vossas mulheres nem sempre foi pacifica?

SR - Eu estou com a minha mulher há muitos anos e ele sempre acompanhou todo este crescimento, ainda antes dos Sétimo Céu. Ela ainda nos apanhou como Irmãos Rosado. Claro que houve situações mais desagradáveis....

- Como por exemplo?
SR - Há sete anos quando a Andreia estava grávida recebeu um telefonema com uma ameaça muito grave de uma pessoa que, ainda por cima, sabia a nossa morada completa.

- O que é que disse essa pessoa?
SR -
Disse à Andreia para que quando saísse de casa olhasse para os dois lados.

NR - Eu tive uma fã a perseguir-me que era de tal forma inteligente que chegava a infiltrar-se nas nossas equipas de produção. Conseguia falsificar os ‘free passes' com o nome dela e tudo. Foi num ano em que demos cerca de 200 espectáculos e ela ia a todos. Chegou a contactar revistas a dizer que estava noiva e grávida de mim. Até a mãe dela entrou naquele esquema.

- E como é que isso acabou?
NR - Acabou quando ameacei com a Policia Judiciária. Com certeza essa pessoa deve ter refeito a vida dela.

- E nunca mais tiveste noticias dessa fã?
NR - Não. Já lá vão nove anos.

- Nunca se sentiram atraídos por uma fã?
NR - A primeira vez que me senti atraído por uma fã, casei com ela. É a minha actual mulher (risos).

- Como é que isso aconteceu?
NR - Conheci a Sílvia num concerto na terra dos pais dela, no Norte. Mas as coisas não foram fáceis. A irmã dela é que era nossa fã. A Sílvia não conhecia muito até porque vivia em Nova Iorque. Mas como estava cá de férias acabou por ir ao espectáculo. Recordo-me que raparei nela de cima do palco. Cativou-me muito, algo que nunca me tinha acontecido.

- Mas porque é que diz que não foi fácil?

NR - Primeiro porque tive que dar uma série de voltas para conseguir o contacto dela. Tive de conhecer primeiro os meus sogros, depois levei a Sílvia a jantar com a banda toda e só depois é que ela me deu o e-mail. O nosso namoro começou por e-mail (risos). Trocávamos três a quatro e-mail's por dia, mas verdadeiros lençóis (risos). Quem sabe um dia eu edito tudo em livro.

- O Sérgio e o Nelson dão-se bem como irmãos. Ainda se conseguem aturar um ao outro?
NR - Claro que sim. Vamos de férias juntos e tudo. É tudo uma questão de hábito. Começámos a trabalhar juntos muito cedo e respeitamo-nos muito como profissionais.

- Quem é o mais mal humorado?
NR - Tem dias, mas felizmente que os dois ao mesmo tempo nunca aconteceu (risos).

- Ainda sobre o que o Manuel Moura Santos disse no ‘Idolos' sobre o vosso trabalho. Já digeriram aquelas criticas?
NR - Na altura fomos apanhados de surpresa e ficámos muito tristes, mas agora está tudo bem. A tempestade já lá vai. Tivemos apoio de todo o país e de todo o meio musical.

SR - Eles não nos ofendeu só a nós mas a todas as pessoas que gostam de nós.

"O AMOR TOCA A TODOS" (Sérginho Moah, Papas da Língua)

- Como conheceu os Anjos?

Conhecemo-nos nos Globos de Ouro e fiquei logo admirador deles. Este ano quero ver se os consigo levar ao Brasil para tocar com os Papas da Língua.

- Sentiu-se identificado com a canção, ‘Virar a página'?
- Fiquei encantado com o tema. Eu sou um fruto do Carnaval, que apesar daquela grandiosidade visual toda é algo proveniente da simplicidade. E a balada é a parte que se conecta com a simplicidade. A balada conta a história de qualquer pessoa. Um tipo pode ser hard rock ou metaleiro mas na hora da dor, de perder a gata, a música mais condizente é uma balada. Ele vai sofrer com essa música, de certeza. É possível ver um cara grande e tatuado de caveiras a sofrer por amor.

- Fica a porta aberta para voltar a trabalhar juntos?

- Para mim isto é só o começo. A nossa amizade está sempre a crescer.

- O que é que conhece mais de música portuguesa?

- Olavo Bilac, Da Weasel, Madredeus, Mikael Carreira.

Miguel Azevedo (Retirado do site http://www.vidas.pt/)

3 comentários:

  1. O vosso blog está um espectáculo, além de estar bem organizado.
    Os Anjos são a minha banda preferida, e o blog tem de tudo um pouco deles (estes manos fantásticos).
    Obrigado e continuem com o blog...

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  2. Olá, sou uma grande fã dos Anjos e gostava de criar também um blog, acho muito interessante e é bom ser divulgado alguma coisa sobre estes manos lindos.
    Xau e até sempre.

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  3. ola eu chamo-me marco tenho 15 e adoro o novo album parabens gosto muito dos anjos Xau e até depois.....

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